Bolsonaro toma as dores de Washington Reis porque sabe exatamente o que está em jogo
Acusado de forjar o cartão de vacina que salvou Bolsonaro de um escândalo internacional, Washington Reis virou motivo de guerra dentro da direita fluminense

A relação entre Jair Bolsonaro e Washington Reis nunca foi só política. Foi uma aliança construída na base da conveniência e da cumplicidade. Quando agora Bolsonaro se revolta com a exoneração de Reis, não é por afinidade ideológica nem por amizade antiga. É porque deve a ele um favor de alto risco.
Washington Reis foi acusado pela Polícia Federal de ser peça-chave no esquema de falsificação dos cartões de vacinação que beneficiaram o então presidente, sua filha Laura e outros aliados. Os dados falsos, segundo a PF, foram inseridos por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, sob a gestão de Reis, e permitiram que Bolsonaro gerasse certificados no ConecteSUS para embarcar aos EUA sem estar vacinado burlando exigências sanitárias internacionais.
A investigação mostrou que a fraude foi coordenada: os dados foram lançados, o sistema acessado a partir do Palácio do Planalto e, dias depois, tudo foi apagado com a desculpa de um “erro”. A PF identificou os responsáveis, inclusive o secretário municipal de Governo de Caxias e a funcionária que deletou os registros.
Desde que essa denúncia veio à tona, Bolsonaro passou a proteger e blindar Reis publicamente. E agora, diante da exoneração do aliado por Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar, Bolsonaro explode. Para ele, quem arriscou tudo para protegê-lo não pode ser descartado como qualquer um.
A fúria tem motivo: Washington Reis ajudou a esconder um escândalo que poderia ter custado caro a Bolsonaro e Bolsonaro sabe disso. Por isso, hoje, toma as dores e cobra lealdade com a mesma intensidade que foi defendido.
Porque, no fundo, essa não é só uma crise política. É uma tentativa desesperada de manter vivos os pactos de silêncio e proteção que sustentaram seu entorno nos piores momentos.

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