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Campos dos Goytacazes,08/06/2025

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De 2007 a 2025: a engrenagem da mídia comprada segue girando — agora com internet e dinheiro público em tempo real

Com blogs, agências digitais e verbas públicas escancaradas, o Brasil aprofunda a prática denunciada há 18 anos: políticos que pagam para aparecer e uma imprensa que vende sua credibilidade por contratos e favores.


De 2007 a 2025: a engrenagem da mídia comprada segue girando — agora com internet e dinheiro público em tempo real Google

Há 18 anos, a Folha de S.Paulo expôs uma prática silenciosa, mas rotineira nos bastidores da imprensa brasileira: a compra de matérias por políticos com dinheiro público. Em fevereiro de 2007, a reportagem alertava para a existência de parlamentares que, sob a justificativa de “divulgação do mandato”, injetavam verbas estatais em veículos de comunicação para garantir reportagens favoráveis — uma manobra sutil, mas poderosa, que convertia jornais em ferramentas de marketing político.

Hoje, em 2025, a denúncia não apenas permanece atual como se tornou ainda mais grave e sofisticada. Se antes os alvos eram os jornais impressos de baixa tiragem, hoje o sistema opera com velocidade digital, atingindo blogs, agências de notícia locais e perfis de redes sociais. A engrenagem se mantém: verba pública entra, conteúdo chapa-branca sai.

O ciclo da manipulação: da gráfica ao celular

O jornalista da Folha já alertava, em 2007, que essa prática comprometia a essência do jornalismo: a imparcialidade. Quando políticos compram espaço em veículos para se promover, o resultado é mais que um desvio ético  é crime. A manipulação da informação torna-se política pública informal, financiada com o dinheiro do contribuinte.

A lógica se intensifica em cidades do interior, como Campos dos Goytacazes, onde a publicidade institucional, muitas vezes, é a principal (ou única) fonte de receita para blogs e portais. Com poucos anunciantes privados e forte dependência do poder público, muitos veículos locais tornam-se verdadeiras assessorias de políticos de plantão, sem qualquer compromisso com o contraditório, a crítica ou a transparência.

A Folha, já naquela época, denunciava esse “jornalismo de aluguel”, que vendia a credibilidade editorial em troca de “mais um prato de comida”. Hoje, esse “jabá” não precisa mais de gráfica ou rotativa: basta um post patrocinado, um banner escondido ou um vídeo roteirizado com dinheiro público tudo em tempo real, com um clique.

TCU alertou Bolsonaro e a história se repete

Esse cenário ganhou novos contornos nos últimos anos, inclusive em escala federal. Em 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o governo Bolsonaro suspendesse a veiculação de publicidade estatal em sites e canais que propagavam fake news. Investigação revelou que recursos públicos estavam irrigando diretamente produtores de conteúdo bolsonaristas, sem critérios de audiência, reputação ou responsabilidade editorial.

Mais recentemente, em julho de 2024, o TCU suspendeu uma licitação de quase R$ 200 milhões da Secretaria de Comunicação Social, destinada à contratação de agências de conteúdo digital. O motivo? Suspeita de fraude no processo licitatório e indícios de que os vencedores já eram conhecidos antes mesmo do anúncio oficial. Um retrato da velha lógica da mídia comprada, agora em ambiente digital e com cifras ainda maiores.

Campos: a nova trincheira do velho coronelismo midiático

Em Campos, o problema é escancarado. Com verbas de publicidade irrigando páginas, perfis e blogs sem nenhuma transparência, o jornalismo independente cede espaço à propaganda disfarçada. Perfis que se dizem “imparciais” reproduzem, quase diariamente, conteúdos laudatórios ao governo municipal ou estadual, ao mesmo tempo em que ignoram críticas, denúncias ou vozes da oposição.

Os coronéis da mídia mudaram de terno, mas continuam os mesmos. Se antes dominavam jornais com financiamento privado e influência política, hoje se escondem atrás de páginas genéricas, muitas vezes sem CNPJ, sem transparência de audiência, sem redação formal, mas com acesso direto às verbas públicas. A população, por sua vez, consome essas informações com a falsa impressão de que está bem informada.

Conclusão: o futuro da informação está em risco

Como já previa a reportagem da Folha em 2007, o Brasil ainda vive sob um sistema que premia a desinformação paga e criminaliza apenas os elos mais fracos da cadeia. A democracia perde força quando a imprensa é transformada em panfleto de gabinete.

Em um país onde a informação chega na palma da mão com a velocidade da luz, é urgente discutir não apenas o conteúdo das mensagens, mas quem as financia, quem lucra com elas e quem se cala diante da verdade.

Nesta série especial de reportagens, nosso portal (totalmente independente) vai revelar como funciona o jogo de manipulação da informação em Campos dos Goytacazes. Sem amarras políticas e sem rabo preso, vamos mostrar quem paga, quem lucra e quem mente para controlar a narrativa local.”







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